domingo, 23 de maio de 2010

Contornos

Descortinando teu lençol
Em pura elegia
Fiz nesse sambinha triste
Teu corpo em luz
Ao amanhecer do dia

Brindando a cerveja
Que ainda desse seca
Derramado em palavras
Beijo tua boca inteira

Desenho no ar
Estreito em teu corpo
Contornos de um laço refeito
Você nua ti abraço a alma

Ao acordar
Não sera mas tarde
Vou sentir a mordida do teu desejo
A febre que me expande o peito
Em minha pele arde

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Banquete do medo

Se me apego a minutos apressados
Não me preocupo com a dentada
Que o destino cor de algo
Insistente ao seu modo ralo
Quer guardar dentro de mim o que sinto
Tão avido ao meu sentido
Indo se me dar conta daquilo
Que procuro não esta nem vindo
Mas meus pés continuam
E me levam indo a me sentir vivo
E se me desdobro
Irritando os relogios lentos
Uma nova esquina que me sopra o vento
Traz em teu cheiro
A novidade como alento
Não tenho mas tempo
Tempo nenhum à perder
Desilusão é não devorar o banquete
Que a vida oferece como medo

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Branquinha

Fiz
Mais um soneto
Pra deixar junto à você
Amar
Já não é mais um segredo
Depois daquele beijo
Despertado em um lampejo
A rua é um breu
Vou
Sobressaltado em meu desejo
De estar junto à você
Vestido
Com as roupas de um cortejo
Colorida como o vento
Que o teu sorriso me deu
E
Transformando o seu vinho
Em suor do aconchego
Semeando em meu tempo
Branquinha
Em tua pele eu me perco
Desprovido do meu medo
De
Ser mais um sonho
Que se perdeu

domingo, 16 de maio de 2010

Verso vadio

Assumo que eu quis
Ti conhecer ainda cedo
Me jogando como um verso vadio
Afogando em tua saliva o meu medo

Derramada em minha boca um beijo
Afoito minuto apressado
Arrancando com suas mãos frias do meu peito
Com suavidade um pedaço

Levado para o nada do ainda querer
Meu desafio é a nova rotina
Alinhando meu coração em desatino
Ao amanhecer junto a você

E quando berro qualquer bobagem
Dormente abraçado pelo desengano
Conheço agora a dor de respirar
O ar poluido pelo desânimo

Mas espero ainda vivo
Que um gesto efemero do tempo
Esse sol que me cega os olhos
Me ofereça em tua dança o alento

sexta-feira, 14 de maio de 2010

E se não fosse o samba...

Se não fosse o samba
Seria a miragem
Seria a mensagem
Que nunca chega
Seria o acaso
Do sorriso largo
Na boca palida
Que ainda resiste
Seria o teu céu
Ainda que escuro
Rasgando o meu peito
Um corte profundo
Seria o molhado
Meu corpo largado
Buscando o cansaço
Insône profundo
Se não fosse o samba
Aonde estou agora
Mais uma noite afora
De doces sutilezas
Ao despertar sem dormir
Se não fosse o samba...

E se não fosse o Samba...?


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Brado

Não sinto sono
Não sinto fome
Não sinto frio
Não sinto nada
Só sei que eu sinto
Agora não minto
Minha alma penada