quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Etérno Desejo

Entranha
Entra estranha em mim
Destruindo a calma
Gastando a noite de vozes altas
Dançando ao coito anunciado
Até quando será assim?
Letras lançadas ao espaço em branco
Na doce retina do seu acalanto
Um pranto se faz em dedos trêmulos
Ingênua lágrima sem esperança
Então mais uma noite se fez a saudade
Que me arde a súplica
Tudo é tempo que se perde em mim
Cada vez mais enlouquecido ao te ver sorrir
Minha pele ressalta ao te ver chegar
O seu beijo é um doce poema do por vir
Mas as horas partem e o tédio me mata
E meu corpo implode ao te ver partir
Até quando será assim?
Me diz em um grito
Do seu vasto delirio
Me fala e me rasga
Pra acabar com esse rito
Me fala,vai menina,me diz
Se o teu mundo acabar
Quem vai ser o primeiro a cobrir
O seu corpo com o ouro vagabundo
Derretido com as lágrimas
Do meu olho vadio
Faz da minha solidão teu poema
Em letras que falam do quando
Uma madrugada te pus à sorrir
Besteiras faladas no bar
Colocando você em meus planos
Delirio pintado no ar
Você me pede mais um beijo
Não pensei como poderia marcar
Teu gosto em minha boca jogada
Queimando um etérno desejo

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sutilezas

Hoje é só mais um dia
Que lhe prometi fazer feliz
Talvez te leve à algum parque
De remotas lembranças infantis

Hoje é só mais um dia
Talvez eu cure tua náusea
Faça um chá ou uma massagem
Na sua nuca eu sei que te acalma

Hoje é só mais um dia
Talvez eu finalmente pinte o seu quarto
De azul te lambuzar até os pés
Da tinta que escorrerá em meus braços

Hoje é só mais dia
Talvez eu termine aquele samba
Que lhe prometi no ultimo Carnaval
Só porque sambei com a tal cabrocha
Me vi obrigado a acalmar tua sanha

Hoje é só mais um dia
Pra te arrancar aquele sorriso
Quando na fila do banco me pus a cantar e dançar
"Let The Sunshine In..." em  pleno delírio

Hoje é só mais um dia
De pequenas sutilezas
Adoro quando ajeita o cabelo
Ou quando se joga no sofá indefesa

Hoje é só mais dia
Que o jantar eu faço sozinho
Você arrumando o prato em cima da mesa
Com um vestido florido cantando baixinho

Hoje é só mais um dia
Que lhe deito na cama uma noite de ardor
Em um canto escuro do quarto lhe observo a sonhar
Guardando em meus olhos a imagem do amor

terça-feira, 26 de outubro de 2010

ODEON

Sentindo o seu gosto exposto pelo Centro
Suspira a noite de quando se anuncia
Um breve romance mergulhado em cevada
Inundando de vida em meus olhos à espera

Entre o seu beijo molhado um espaço
Da Halls triturada com pressa em pedaços
Camada fina do sereno a deitar
Jogando em teu colo um desejo abraçado 

Você sussurra alguma coisa entre nós
Não vejo mas corpos na rua a vagar
É tarde,só a noite é testemunha do crime
Meu corpo empurra seu corpo pro céu
Entre suas pernas a Cinelândia redime

Mendigos dormem em sonhos reais
No banco a miséria da cidade partida
Dividindo com eles um santo pedaço
Quando me morde e expõe a ferida

Não berro a dor do amor repentino
Minha carne é fraca e foi feita na rua
Seu nome não importa estando em cima de mim
Rasgando o vestido e sorrindo pra lua

Queria guardar em meu peito mais um instante
Do seu rosto rabiscado em perfil no inicio
Mas sua mão fria me faz acordar
No ODEON mas um filme perfeito é finito

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Carnaval

A cada piscada de lado
Minha dor calada faz deboche
Devagar levanto tua saia
Palhaço brincando com a sorte

Apago palavras com suor
Do movimento incessante como vendaval
Na cama teu corpo é fantasia
Vestindo o meu Carnaval

Eu canto no ritmo do grito
Quando desvairada assume o meu gozo
Tua sede me joga a acabar
No bloco maldito dos loucos

Experimentei tua carne macia
Passista sangrando ao sorrir
Sambando e marcando minha alma
Enredo do amor acabado
Em minha avenida sem fim

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pequena Senhora

Dizia eu tão pequeno
Um abraço da Pequena Senhora como alento
Vou escrever poesia como um vento
Balançando as palavras um momento
Com retinas vermelhas e manchadas
Agora bebo o vinho do descontentamento
Lembranças derramadas na tarde 
Eu busco em tudo o olhar remoto
Rosto pairando no nada
Enrrugado ao me dizer um troço
Faz da tua palavra um destino
Timoneiro da alma ao seu modo
Dores salpicadas em relâmpagos
Em memórias e gozos juvenis
O crescimento amaldiçoa o tempo
Em cada segundo centávo contado
Sentindo o relógio da vida sumir
Sentado em meu sonho desesperado
Vejo em cada átomo um desvio
Do rio de sangue pintado em meu braço
Descubro a leveza do sonho acabado
Desenho em teu rosto à cada pedaço
O sorriso da calma em seu colo infinito

(Para D.Albértina!A mulher mais importante da minha vida!)